quinta-feira, 31 de março de 2011

Reflexos de outros tempos...

A fotografia, antes de tudo é um testemunho. Quando se aponta a câmara para algum objecto ou sujeito, constroi-se um significado, faz-se uma escolha, seleciona-se um tema e conta-se uma história, cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-Ias". Ivan Lima


Em baixo da esquerda para a direita: Antonio (Pé na Cova), Silvério, Toninho do Carneiro, filho do Pé na Cova.

Em pé da esquerda para a direita: Adelino (14). António (Chino).

Não foi possível ainda identificar o nome da criança, quem souber agradeço que deixe o nome.

A cópia desta fotografia foi-me enviada pelo meu amigo vidaguense António Lobo da Silva, filho do falecido António (Chino). A ele, o meu muito obrigado por mais esta lembrança.

Um abraço e até breve...

domingo, 27 de março de 2011

Vidago - Fonte nº 1 - 1910

Há dias, quando olhei e li este bilhete postal, decidi logo comprá-lo porque o mesmo teria pertencido a uma importante família da Beira - Família Paes do Amaral.
A família Paes do Amaral teve um enorme destaque na vida administrativa e política do concelho de Mangualde, eram vistos como os "Grandes Senhores da Beira". A dimensão da sua riqueza no séc. XVIII era enorme devendo-se quer às suas posses originais quer aos matrimónios entre famílias dominadoras de vastas quintas.
Voltando ao bilhete postal, o mesmo foi escrito em Setembro de 1910 e foi enviado para o último Senhor da Casa de Mangualde, José Maria de Sá Paes do Amaral Pereira de Meneses. Este Senhor nasceu a 28 de Julho de 1881 e casou com María Esther Susana Hermínia Solveyra y Tomkisnon de Alvear. Esta Senhora era originária de Buenos Aires mas deste casamento não nasceram filhos, manteve-se em Portugal até ao falecimento do marido em Lisboa em 3 de Dezembro de 1945, regressando à sua terra natal onde permaneceu até falecer em 24 de Março de 1970.



(Bilhete postal da edição de Germano A. Costa - Vidago - Setembro de 1910)
 
O bilhete postal foi escrito por um primo que estava em tratamento e hospedado no Vidago Palace Hotel e foi enviado para o Palácio Anadia, em Mangualde.
 
(Fotografia do Palácio Anadia - Mangualde)

O Palácio Anadia foi construído no século XVIII e foi erigido pela família Paes do Amaral. O interior está luxuosamente decorado, com azulejos e mobiliário da época. Tem em anexo a Capela de S. Bernardo datada do século XVII.
Foi classificado Imóvel de Interesse Público através do Dec. 95/78, Diário da República 210, de 12 de Setembro.

Um abraço e até breve...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Curiosidade...

Mais uma vez, o meu grande amigo Carlos Caria presenteou-me com este "pedaço" de papel. Acontece que nem eu nem o Carlos sabemos qual seria a finalidade deste recibo de balança, poderia servir para pesar as malas dos seus hóspedes para depois despachá-las pelo comboio? Ou simplesmente para os hóspedes se pesarem durante os tratamentos? Uma coisa é certa, o preço era único, 5 centavos, e era a balança nº 1470.
Bem, se houver alguém que saiba ao certo a origem deste recibo, agradeço desde já a sua ajuda em revelar esta pequena curiosidade.

Agradecimentos sinceros ao meu amigo Carlos Caria.

Um abraço e até breve...

segunda-feira, 21 de março de 2011


Discurso proferido na homenagem a Bonifácio da Silva Alves Teixeira.

Exmos. Senhores convidados


Minhas Senhoras e meus Senhores

Agradeço imenso o convite formulado pelos responsáveis autárquicos locais para proferir umas curtas e despretensiosas palavras a propósito desta merecida homenagem a Alves Teixeira.

Neste momento solene, a oportunidade de falar sobre o ilustre e generoso vidaguense que foi Bonifácio da Silva Alves Teixeira confere uma grande honra a qualquer cidadão que goste desta terra. Por essa razão, eu estou feliz e muito orgulhoso.

Alves Teixeira nasceu em Vidago decorria o ano de 1849. Num tempo em que a nossa actual Vila pertencia à freguesia de S. Tomé de Arcossó. Foi filho de António Alves Teixeira e de Libânia da Silva Alves. Os seus pais geraram ainda mais quatro irmãs: Maria Joaquina, Catarina, Cecília e Filomena. Somente a irmã, Maria Joaquina casou, tendo desposado José Manuel de Souza Fraga. Este casal viria a estar na origem da enorme e conhecida família Fraga, desta estância termal.

Na verdura dos seus catorze anos, Bonifácio emigrou para o Brasil onde permaneceria até 1885. No Rio de Janeiro, juntou-se a seu tio paterno, Nicolau Teixeira Alves, importante comerciante que, muito mais tarde, lhe legaria o seu negócio em virtude de vislumbrar no sobrinho grande inteligência e raras qualidades humanas.

O nosso homenageado herdou, para além da parte que lhe coube do património dos pais, a riqueza de seus tios, Nicolau Teixeira Alves e também Catarina, mulher solteira que vivia em Vidago. Uma grande fortuna para aquela época!

A sua situação económica e a vontade de conhecer outros povos e diferentes culturas motivaram-no a viajar por vários países da Europa, Ásia e América. Este facto, culturalmente, tê-lo-á enriquecido imenso. O contacto com outros povos, naturalmente de regiões mais desenvolvidas que a do seu meio, pode muito bem ter influenciado a sua própria formação cívica e ter conferido grande acréscimo à sua cultura geral.

Bonifácio Teixeira morreu solteiro e sem filhos. Considerava-se ateu. Todavia, esta sua condição nunca obstou a que fosse na vida um homem de significativos valores morais. Era grande a sua solidariedade para com o seu semelhante. Fustigado por uma implacável doença na garganta e, quem sabe, por ignorar o temor a Deus, suicidou-se aos sessenta e um anos, no Verão de 1910.

No dealbar da implantação da República, o palco da premeditada desistência da vida foi a sua granítica residência, onde hoje se encontram sedeados os serviços da Junta de Freguesia de Vidago e a Galeria de Arte – Maria Priscila.
Está sepultado no cemitério de Vidago cuja campa está demarcada por um austero e discreto gradeamento de ferro. Ali jaz uma inesquecível figura humana de que todos os vidaguenses bem podem orgulhar-se!

Em 1913, três anos após a sua morte, ficaria perpetuamente ligado à Escola Agrícola Profissional, à qual foi, muito justamente, atribuído o seu nome, uma vez que o projecto desta foi minuciosamente descrito no seu fascinante testamento e financiado pelo seu legado.

É o momento de fazer um forte apelo aos presentes para que leiam e façam uma cuidada reflexão sobre o testamento de Bonifácio Alves Teixeira às gentes desta terra!

Pouco importante se torna saber em que medida o teor do documento foi ou não rigorosamente cumprido. É muito mais relevante, por um lado, evidenciar o espírito altruísta que presidiu à elaboração do mesmo e, por outro, enaltecer a visão do futuro que este homem demonstrava.
A Lei vigente na altura tornava praticamente inexequíveis uns quantos desejos seus, também obstaculizados pelas condições de mercado de então. Por exemplo, sabe-se que a sua casa não foi vendida mas sim adaptada à tal escola de meninas como era seu desejo. Ao longo dos tempos a sua então residência sofreu várias transformações e desempenhou diversas funções. Nos tempos que passam ali funcionam os serviços da autarquia local. Trata-se de um aproveitamento digno, como digna é a memória do seu antigo proprietário. Também a Escola Agrícola nunca funcionou nos moldes exactos por si perspectivados. Porém, continua presente na Vila sob a tutela administrativa do Ministério da Agricultura.

Um outro desejo manifestado no singular testamento foi a construção de uma escola para rapazes com dinheiro seu. Apenas em 1931, vinte e um anos após a sua morte, o seu desejo se transformou em realidade. No lugar do Monte Meão foi adquirida uma casa para esse fim, a Manuel Gonçalves Aleixo, por 30.000$00.

Muito relevantes são as preocupações de carácter ambiental evidenciadas no documento e que são reveladoras de uma mente sã e bem moderna para aquela época. Um século depois, as palavras insertas no seu testamento, a este propósito, ainda sensibilizam quem tem oportunidade de as ler.

O seu texto releva também alguns princípios morais que deveriam reger a conduta dos seres humanos, enquanto simples cidadãos ou no desempenho de cargos públicos. Cem anos depois, que grande actualidade tem este reparo efectuado por Bonifácio Teixeira! Esta importantíssima parte do seu documento evidencia bem a importante referência social que terá constituído o homenageado na então pacata aldeia de Vidago.

Mostra-nos também o que foi a sua preocupação com a educação e formação cívica e profissional, principalmente, dos seus conterrâneos. A formação das crianças como futuro das sociedades do amanhã e a que Bonifácio alude com bastante frequência no texto é nota de merecedor destaque. Defendia a inserção escrita em quadros adequados nas escolas de máximas morais com o intuito de que os homens de amanhã interiorizassem as mensagens nelas contidas. Este pensamento releva bem a formação cívica de Alves Teixeira.
Também não esqueceu os agricultores, homens sacrificados de sempre. Desejou e imaginou um grande desenvolvimento agrícola para toda esta região. Projectava uma Escola Agrícola Móvel da qual viriam a beneficiar todos quantos trabalhavam nas árduas tarefas da agricultura.

Por tantas e tão belas razões Bonifácio Alves Teixeira tem o direito de que consideremos o seu testamento como algo que visava, não apenas legar, generosamente, o seu património ao povo da então aldeia que ele amava e era também a sua, mas, sobretudo, como um documento impregnado de uma enorme nobreza de sentimentos e também imbuído de uma rara visão de um futuro que ele perspectivava, mais para os outros, do que para si próprio.

Por este conjunto de nobres razões este texto que nos legou pode, muito bem, ser considerado um testamento singular.

Saibamos, pois, merecer a verdadeira lição de humanidade, benemerência e
altruísmo que Bonifácio Alves Teixeira nos deixou.


Muito obrigado.

Vidago, 27 de Junho de 2010

                                                                                     Floripo Salvador

sábado, 19 de março de 2011

O que foi e o que é...

Em 1906, a empresa "Empreza das Águas de Vidago", inaugura as suas primeiras oficinas das Fontes de Vidago.


(bilhete postal da edição Empreza das Águas de Vidago - 19/07/1910 - selo de 10 reis "Rei D. Manuel II)

Durante longos anos funcionou aqui o engarrafamento das Águas de Vidago, a sua construção é anterior à do Vidago Palace Hotel (1910). Depois, este edifício deu lugar a uma arrecadação do parque, onde se depositava de tudo um pouco.

Nos nossos dias, tudo isto é passado.


De cara bem lavada, hoje temos um magnífico Club House. O restauro interior ficou a cargo do arquitecto Siza Vieira que soube criar um espaço verdadeiramente notável. Aqui, em 440m2 e sob um tecto alto com uma clarabóia central em vidro, os golfistas e os hóspedes podem desfrutar de um bar, restaurante, sala de estar, uma Pro Shop e balneários com cacifos.

Tive a oportunidade de conhecer quer as antigas arrecadações quer o actual Club House,  e realmente esta mudança foi bem conseguida e está perfeita.

Afinal, as mudanças nem sempre são negativas...

Um abraço e até breve..

domingo, 13 de março de 2011

Estrada Nacional - Lado Sul

Depois de alguns dias de ausência, voltamos aos bilhetes postais. O bilhete postal de hoje, apesar de não ter circulado, terá mais ou menos uns 50 anos e todos reconhecerão esta rua e suas casas.
Uma coisa é certa, poucas alterações sofreu esta parte de Vidago e ainda bem que estas casas não deram lugar a prédios de cimento e azulejos.


(Bilhete postal de foto Bilus - Chaves para a Casa Rodrigues - Vidago)

Um abraço e até breve...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Relatório das Águas Minerais de Vidago - 1865

Decorria o ano de 1865 quando foi publicado o primeiro relatório das análises químicas das águas minerais do concelho de Chaves, Vidago e Vilarelho da Raia. Estas análises foram feitas pelo professor da Escola Politécnica de Lisboa,  Dr. Agostinho Vicente Lourenço, e  foram publicadas no Diário de Lisboa de 22 de Maio de 1865.


Este folheto foi mandado reimprimir, no mesmo ano, pela Câmara Municipal de Chaves na tipografia do Jornal do Porto, na rua Ferreira Borges, 31 - Porto.

Nas primeiras páginas deste relatório podemos ler um extracto da sessão da Câmara de Chaves de 14 de Julho de 1965, que passo a transcrever.

   As aguas de Vidago, d´este Concelho, foram descobertas casualmente por D. Julia Vaz d´Araujo,  do mesmo logar, que as indicou ao Dr. Domingos Vieira Ribeiro, d´esta Villa de Chaves, author do bem elaborado additamento ao relatório d´analyse.
   O mesmo Dr. Ribeiro achou aquellas aguas tão carregadas de saes, que disse ao seu irmão Bernardo José Vieira Ribeiro, secretario da Camara, lembrasse em sessão, que seria bom mandal-as analysar, o que a Camara fez, pedindo esse obsequio ao visconde de Villa-Maior, na ocasião que este estava em Moncorvo, terra da sua naturalidade, ao que elle se promptificou, lembrando ao presidente da Camara, que n´esse tempo servia, Augusto Cesar de Moraes Campilho, que seria bom mandar doze garrafas cheias d´agua para Lisboa ao laboratório da Escola Polytechinica, com alguns especimens da rocha, terra, e residuos, etc., o que se levou a effeito em 1863, sendo o relatorio o resultado d´essa analyse.
   Muitas experiencias teem confirmado as beneficas qualidades das aguas, sendo aconselhadas pelo medico municipal o Dr. João Baptista de Sousa Liberto, e outros, para differentes padecimentos, com feliz resultado.
   O terreno em que brotam era particular, e as aguas estavam depositadas, e o terreno cultivado, sendo o Dr. Antonio Victor de Carvalho e Sousa, do logar de Villa do Conde, o primeiro que mandou fazer á sua custa a fonte que actualmente alli se acha com o fim de se aproveitar das aguas para o padecimento da gotta; no que tem achado grandes beneficios.
   Conhecendo, porém, a actual Camara Municipal a grande utilidade que aquellas aguas podem fazer ao publico, comprou em 2 de julho do corrente anno uma grande porção de terreno, e tenciona mandar fazer maior exploração das aguas, e as necessarias obras que condigam com a bondade d´ellas: e sendo dito pelo digno analysador o Dr. Agostinho Vicente Lourenço que o Vidago com aquellas aguas era o Vichy portuguez, espera esta camara que o Governo de S. M. a coadjuvará para fazer alli todas as commodidades necessarias para a saude publica, aproveitando-se uma riqueza ha tanto tempo ignorada.
   Para que se possa utlilizar d´estas vantagens o maior numero possível dos que padecem, deliberou esta Camara que se mandasse imprimir em folhetos o Relatorio d´analyse, e o Additamento, mandando-se alguns exemplares para a Exposição do Porto, e a todas as Camaras Municipaes do Reino.
   Deliberou mais a Camara que se nomeasse um homem, no logar de Vidago, que esteja incumbido de vigiar as aguas, lacrar, e marcar com um sêllo, para esse fim destinado, as garrafas que alli se encherem, declarando-se nos jornaes esta disposição, para o publico se utilizar d´essa ventagem, sem receio de que sejam adulteradas.

   Chaves, em Sessão de 14 de julho de 1865.


Francisco de Barros Teixeira Homem,
Presidente.

Antonio Vicente Ferreira Montalvão,
Vice-Presidente.

Francisco Vaz Monteiro,
Fiscal.

Luiz Antonio Alvares de Sousa.
Manoel Gomes de Moraes Sarmento.
Silvestre José Coelho.
Antonio José Pereira Coelho Junior.

Hoje ficamos por aqui, depois de termos recuado 146 anos.

Quero agradecer ao meu grande amigo Carlos Caria pelo facto de me ter emprestado este magnífico exemplar.

Um abraço e até breve...

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

Hoje dia 8 de Março celebra-se o Dia Internacional da Mulher. É um dia comemorativo para a celebração dos feitos económicos, políticos e sociais alcançados pela mulher.

Este blog quer homenagear todas as mulheres vidaguenses, as que ainda lutam todos dias e aquelas que já partiram.

(grupo de mulheres que, manualmente, engarrafavam as águas de Vidago)


(Mulheres na fábrica da Empreza das Águas de Vidago lavando as tão famosas garrafas das águas de Vidago)


Estes são, apenas, dois exemplos de mulheres que com o seu trabalho ajudaram a levar a fama de Vidago a todo o mundo.

Um abraço e até breve... (para as mulheres, beijinhos).

quarta-feira, 2 de março de 2011

Quinta de Arcossó - Diploma

É para mim um enorme privilégio de felicitar mais uma vez, através deste blog, a Quinta de Arcossó.

Costumo dizer que a aptidão trabalha-se todos os dias mas isso não chega, temos que trabalhar com paixão, porque não se pode ser bom profissional sem se ter paixão pelo que se faz. Todos os dias temos que acreditar que é possível chegarmos ao topo com determinação e criatividade mas com muita humildade.
E penso que é assim que a Quinta de Arcossó, representada pelo Dr. Amílcar Salgado, conseguiu conquistar mais este Diploma atribuído pela Revista de Vinhos, no passado mês de Fevereiro.
A Revista de Vinhos é uma publicação de referência no segmento de vinhos e gastronomia. Com quase vinte anos de edição mensal continua, é o meio com mais notoriedade do mercado influenciando o comportamento de muitas dezenas de milhares de consumidores. O objectivo editorial da revista são as provas de vinhos, visitas a produtores e regiões vínicas em Portugal e no estrangeiro, entrevistas com personalidades desta área, colunas de opinião sobre temas vínicos e gastronómicos, bem como avaliações de harmonização vinho-gastronomia.
Para mim, uma das melhores revistas portuguesas sobre este tema.


Este Diploma é mais uma prova daquilo que se faz de bom por terras transmontanas.

                                                   Um bem haja a estes Homens!